sexta-feira, 2 de abril de 2010

Projeto Genoma Humano e Ética


Imagine um mundo em que seu código genético está disponível para consulta. Você tem uma doença dominante com início tardio. Coreia de Huntington (CH), por exemplo. Agora você tem vinte anos e está procurando emprego. Apesar de saber que daqui a duas ou três décadas você começará a desenvolver uma demência mental irreversível, ainda quer viver sua vida sem encarar essa realidade. Você gostaria de não saber que possui esse gene defeituoso, mas antes mesmo de nascer foi submetido a testes e sempre teve de conviver com a consciência desse futuro sem esperanças.

Seus dados genéticos deveriam ser sigilosos, porém o órgão público responsável para guardar essas informações foi corrompido. Tanto seguros de saúde quanto empresas podem consultar esse código para saber quais doenças você possui pré-disposição e a data prevista de sua morte. Por causa disso você não consegue um emprego com carteira assinada e nem um plano de saúde, não possui um DNA lucrativo.

Agora imagine que é viciado em drogas, homossexual, bem-humorado ou não, agressivo, preguiçoso ou muito inteligente. Imagine que tudo que faz parte da sua personalidade dizem ser pré-determinadas pela combinação dos seus genes. Como você se sentiria?

E a sociedade ao seu redor? As pessoas te julgam pelo seu código genético ou, exatamente por saber que não teve escolha, elas são compreensivas?

Esse futuro pode se tornar real, mas não possui apenas lados negativos. Se você pretende ter um filho, quer que ele seja saudável e se puder conhecer seu DNA isso não será difícil. No início da gestação pode vir a descobrir que seu filho terá uma grave doença e não chegará aos trinta anos. Interromper a gravidez talvez fosse a melhor opção. Em situações em que um casal possui um risco genético que só afeta crianças do sexo masculino, não seria ideal para eles a opção de escolher o sexo do bebê?

Inúmeras perguntas podem ser feitas e casos imaginados a partir da discussão do Projeto Genoma Humano. Talvez não estejamos preparados para lidar com os aspectos negativos advindos do total conhecimento genético de uma pessoa e a criação de um banco populacional de DNA público.

Quanto à psicologia, que papel ela teria em uma sociedade onde doenças hoje consideradas de cunho emocional, subjetivo, serão vistas como meros “acasos” da genética? Que novas formas de interação entre as pessoas surgirão se novos estereótipos forem criados a partir da genética de cada um? Que novas cobranças sociais poderão ser formuladas através do nosso código genético? Essas perguntas não possuem respostas, mas não devemos deixar de fazê-las. Antes de tornar esse projeto acessível ou tirar amostras de DNA de todos os recém-nascidos, como se quis fazer em São Paulo, é preciso um controle, um órgão regulador, uma avaliação por parte da sociedade. Nós queremos isso? Nós estamos prontos?

Autora: Mayara Swuyanny Angelim de Carvalho

4 comentários:

Clayton de Moura disse...

Sempre que surge uma descoberta nova na ciência, inicia-se uma discussão enorme em torno do tema seja ele qual for. E, não é diferente com o projeto genoma humano, é claro que a questão ética é de extrema importância, mas o fantástico realmente do projeto genoma é a possibilidade de compreender melhor os fatores genéticos que podem interferir no comportamento e a oportunidade de conhecer o caminho evolutivo de várias patologias e assim previni-las ou até curá-las.

Clayton de Moura Oliveira

Unknown disse...

achei este texto muito interessante,é um assunto que as pessoas tem um certo medo.existem varias perguntas que não tem respostas,é muito importante saber o comportamento,doencas que poderam ser tratadas antes mesmo da evolucção.mais como em tudo existem pontos possitivos e negativos.

sulamita alves de almeida

Anônimo disse...

Adorei o texto! É importante conhecer o assunto. Atenção para a BIOÉTICA

Andréa Hadad

Anônimo disse...

primeiro ser viciado em drogas ser gays ou seu humor ser pessimo não tem nada haver com a sua genetica !!